A “jaquetância”

A Jaquetancia

A “jaquetância” é um termo português que evoca o espírito da elegancia e a sofisticação no vestir masculino, marcado pela atenção ao detalhe e pela escolha de peças que exalam classe. Entre essas peças, destacamos o casaco assertoado de bandas em sobreposição, o nosso “jaquetão” que o britânico chama de “double-breasted”, ele é um ícone da alfaiataria clássica.

O jaquetão distingue-se pelo seu corte refinado, caracterizado pelo fecho cruzado e por duas filas de botões, que conferem um visual estruturado e simultaneamente imponente. Esta peça tem raízes no vestuário militar, mas foi rapidamente adotada pela moda masculina como símbolo de afirmação e estilo. Com o passar do tempo, adaptou-se aos códigos do vestuário contemporâneo, tornando-se mais versátil, sem perder o seu charme tradicional.

Na moda atual, o jaquetão assume novos atributos que o tornam essencial para o homem moderno: é uma peça que comunica confiança e polidez, seja num ambiente de negócios ou num contexto mais descontraído, quando combinado com calças de sarja ou até jeans. Além disso, valoriza a silhueta masculina, criando uma linha de ombros acentuada e um formato de cintura mais ajustado, equilibrando sofisticação e praticidade.

Em suma, o jaquetão é o ponto de encontro entre tradição e modernidade, adaptável às diversas facetas do vestir contemporâneo, sempre carregando consigo uma dose inegável de “jaquetância”, um verdadeiro aliado no guarda-roupa de um connaisseur.

Em lãs finas, ou mistos de lã, seda e linho, em toda a paleta de lisos, riscas club ou em padrões de xadrez mais clássicos ou vibrantes, o jaquetão vai ser um companheiro confiável nesta Primavera Verão.

A Jaquetancia
Fato suMisura em Pura lã Super 110’s num Jaquetão 6/2 com bolsos de chapa e vista no peito.

Flanela: como usar e tratar?

A flanela é um dos tecidos mais apreciados no guarda-roupa masculino devido à sua combinação de conforto, elegância e resistência ao frio.

No entanto, tal como qualquer tecido de alta qualidade, a flanela exige cuidados específicos para garantir a sua durabilidade e aparência ao longo dos anos.

Neste artigo, os nossos Mestres por Medida explicam como usar e cuidar da sua peça de flanela para que esta continue a oferecer o mesmo nível de sofisticação por muito tempo.

Como usar flanela em diferentes ocasiões?

A flanela é extremamente versátil e pode ser usada em diversas ocasiões, desde eventos formais a situações mais descontraídas.

Além dos fatos e camisas, as calças de flanela também são uma excelente opção para combinações casuais. Quando usadas com um casaco de tweed ou um blazer de lã leve, criam um look sofisticado para dias de trabalho ou ocasiões semi-formais. Já um blazer de flanela azul-marinho pode ser a peça perfeita para um jantar mais casual ou até mesmo para um fim de semana descontraído.

Como cuidar de uma peça de flanela?

Apesar de ser um tecido durável, a flanela exige cuidados específicos para manter a sua qualidade e aparência. Estas são algumas sugestões:

Armazenamento adequado

Quando não estiver a usar a sua peça de flanela, é importante guardá-la de forma correta. Use cabides largos e resistentes para evitar que a peça perca a sua forma original. Evite também cabides finos, que podem criar vincos indesejados nos ombros. A peça deve também ser armazenada num local seco e arejado, longe da humidade.

Como engomar

Para manter o aspeto impecável a peça de flanela deve ser engomada com um ferro seco para remover qualquer humidade acumulada. Caso surjam vincos, pode usar vapor, mas com moderação, pois o excesso de vapor pode afetar a textura do tecido. Sempre que usar vapor, assegure-se de secar bem a peça antes de guardá-la.

Cuidados ao vestir

Quando usar uma peça de flanela, há algumas precauções que pode tomar para evitar o desgaste excessivo. Por exemplo, se for ficar muito tempo sentado, é aconselhável puxar ligeiramente as calças para cima, evitando assim que se formem vincos nos joelhos. Da mesma forma, evite apoiar os cotovelos de forma prolongada quando estiver a usar um casaco de flanela, para prevenir o desgaste do tecido nessas áreas.

Limpeza a seco

A flanela deve ser limpa a seco para preservar as suas fibras e garantir que o tecido não encolha ou perca a sua forma. No entanto, recomendamos que faça a limpeza apenas quando for necessário, de modo a prolongar a vida útil da peça.

Quais são as vantagens das peças de flanela?

Além da sua suavidade e conforto, a flanela é conhecida pela sua durabilidade. Quando cuidada adequadamente, uma peça de flanela pode durar muitos anos sem perder o seu encanto original.

O tecido é perfeito para as estações mais frias, mantendo o calor corporal sem parecer demasiado pesado ou volumoso. Para quem aprecia um estilo intemporal, a flanela oferece uma combinação perfeita de tradição e modernidade.

A sua peça de flanela por medida

Na suMisura, oferecemos uma vasta gama de peças de flanela personalizáveis, desde fatos e casacos a calças e blusões. Cada peça é feita sob medida, garantindo que se adapta perfeitamente ao seu estilo pessoal e às suas necessidades.

Para além da confeção, estamos sempre disponíveis para aconselhar sobre os melhores cuidados a ter com a sua peça, garantindo que esta mantém a sua beleza e durabilidade ao longo dos anos.

A flanela e o seu caráter

A flanela, conhecida pela durabilidade e textura macia, ocupa um lugar de destaque no vestuário masculino, especialmente nos meses mais frios.

Derivada do termo gaélico “Gwlannen”, referindo-se à lã cardada usada em vestuário, a flanela evoluiu ao longo dos séculos, transformando-se num dos tecidos mais versáteis e indispensáveis na moda masculina. Com raízes que remontam ao século XVI, este tecido tornou-se sinónimo de conforto, estilo e carácter, sendo um elemento-chave no seu guarda-roupa.

A importância de um fato de flanela

A máxima “Every man must have a grey flannel suit” não surgiu por acaso. O fato de flanela cinzento tornou-se um ícone de sofisticação e funcionalidade, sendo perfeito para transitar entre ambientes formais, como em contexto de negócios, e casuais, como eventos sociais.

O cinzento prima pelo seu tom neutro e sofisticado, adaptando-se facilmente a qualquer estilo pessoal. Um fato de flanela por medida cinzento, com o seu toque suave a aparência texturizada, oferece conforto sem comprometer na formalidade. Com opções de diferentes espessuras e acabamentos, a flanela é o tecido ideal para uma presença marcante, sem ser demasiado exuberante, e particularmente apreciada no outono e inverno.

Na suMisura, assumimos o compromisso de assegurar que cada fato de flanela por medida seja ao gosto dos nossos clientes, ajustado ao seu estilo e à ocasião.

A varidade de peças de flanela

A versatilidade da flanela vai além dos fatos por medida. Este tecido pode ser encontrado em várias peças de moda masculina, desde blazers e casacos até calças e blusões.

Além das opções em lã, como o merino e a caxemira, a flanela também está disponível em algodão e misturas com outras fibras, o que a torna ideal para qualquer clima e ocasião.

O carácter da flanela

O que torna a flanela tão especial é o seu carácter. Este tecido consegue transmitir uma sensação de nobreza e elegância sem ser excessivamente formal. A sua textura macia tornam-na convidativa ao toque, enquanto a sua durabilidade garante que é uma peça que pode ser usada por muitos anos.

Um homem que veste flanela transmite confiança, sobriedade e uma ligação com a tradição, mas sem perder o toque moderno.

Na suMisura, acreditamos que a flanela é mais do que um simples tecido. É uma declaração de estilo, carácter e sofisticação. Se está à procura de uma peça que combine tradição com inovação, a flanela é a escolha perfeita. Seja para um fato, casaco ou qualquer outra peça de vestuário, a flanela oferece o equilíbrio ideal entre conforto e elegância, proporcionando uma experiência única para quem a veste.

Abril, águas (e casacos) mil!

Enquanto os meses de frio e neblina iniciam a tão esperada despedida, a primavera começa a florescer com timidez e com a chegada das primeiras chuvas. Ainda que os dias de sol já apeteçam, abril enverga o célebre ‘abril, águas mil’, e com ele surge a necessidade de permanecer seco e confortável sem perder a elegância.

Enquanto aguardamos por dias mais amenos, trazemos três modelos de casacos por medida para a chuva, para que se possa inspirar. São práticos, leves e sofisticados, que aprumam qualquer coordenado e mantêm a chuva à distância.

O Peacoat

O Peacoat por medida é um clássico, surgindo em meados do séc. XVIII, para ficar. Intemporal e versátil para a imprevisibilidade do clima, o Peacoat destaca-se por si só, mas poderá combinar com uns chinos ou jeans para um visual smart casual.

A gabardine primaveril

Uma gabardine por medida é uma peça essencial para o guarda-roupa masculino pela sua versatilidade, elegância e intemporalidade. Durante as épocas de chuva, é a protagonista de qualquer coordenado. Entre cortes mais tradicionais ou versões mais desportivas, como a versão em blusão, as gabardines por medida para homem conjugam-se na perfeição com t-shirts ou camisas em tecidos leves, e pode ser personalizada com tecidos nobres e técnicos que protegem do vento e dos aguaceiros, tudo com um toque único, ao seu gosto.

O work-jacket

Os dias de trabalho nem sempre combinam com dias de chuva, mas um work-jacket por medida está em perfeita harmonia com a primavera. Em propostas como work-jacket de algodão encerado, esta peça retém a temperatura e oferece proteção da chuva sem perder o seu lado mais refinado. Um modelo perfeito para se sentir leve na cidade.

Abril, casacos mil!

A primavera é a estação ideal para dar uma reforma no guarda-roupa e investir num casaco para a chuva feito por medida e com tecidos de qualidade que o protejam das chuvas de abril (e da imprevisibilidade climática de outros meses). Seja numa proposta mais tradicional ou moderna, estas três peças icónicas podem ser personalizadas com tecidos anti-vento e à prova de água e nos tons que preferir, preparando-o para a primavera em grande estilo e elegância.

O seu fato de casamento por medida

Os primeiros sinais de primavera marcam o arranque da célebre época de casamentos que se estende e prolonga pelo verão. Para noivos, padrinhos e convidados, este é o momento certo para se prepararem para o grande dia.

Os preparativos para a cerimónia são muitos, e para os noivos a tarefa adensa-se para encontrarem o fato de casamento ideal. Os Mestres de Medida querem ajudar a escolher aquele que é “o meu fato de casamento”. E de mais ninguém.

O dia do sim

Pela história e costuras da suMisura, já passaram por nós muitos casamentos – entre noivos ansiosos, padrinhos entusiasmados e convidados que desejam estar no seu melhor.

Já abordámos as propostas de fatos por medida para casamentos clássicos , como o fraque, smoking, tuxedo ou até a casaca, mas o artigo de hoje será focado num pedido muito requisitado pelos nossos noivos: os casamentos casuais.

O que vestir num casamento de praia?

Casamentos na praia ou em ambientes naturais e abertos (como quintas e até planícies) já testemunharam a união de muitos casais. Os Mestres de Medida já vestiram noivos que casaram no escaldante deserto mexicano ou nas paradisíacas praias tunisinas, e em todas as propostas conseguimos chegar ao fato de casamento casual, feito por medida e que levou o noivo no seu melhor ao altar – e perfeitamente em harmonia com a ocasião e o cenário.

Dependendo do local e da estética privilegiada para o dia do casamento, reunimos algumas peças de inspiração.

Casamento elegante e casual

Cenários como casamentos na praia ou numa quinta, por exemplo, pedem por fatos elegantes, com tecidos leves e opções de cor que harmonizem com os tons naturais da paisagem. O Janker Austríaco é uma proposta segura para um fato de casamento por medida, uma peça que suporta tecidos leves, como o linho e o algodão, mas que tem estrutura para combinar com um adereço mais original ou elegante.

Um toque de cor

Casamentos originais pedem um toque de cor, e os coletes por medida para casamento podem fazer a diferença numa produção mais original. Com tecidos coloridos ou padrões sortidos, ao dispor do seu estilo, os coletes são propostas perfeitas quando o conforto é a palavra de ordem, mas pretende-se evitar o tradicional fato de casamento por medida preto ou escuro.

Para combinar a produção, calças em modelo chinos por medida resultam num fato de casamento intemporal, mas moderno.

Um fato único para um dia único

Independentemente do ambiente e do grau de formalidade, sabemos que os casamentos são dias únicos, e a personalização total da indumentária não precisa de estar reservada somente para a noiva.

Também os noivos podem procurar um fato por medida exclusivo, num modelo exclusivo e totalmente personalizado para o seu dia de casamento. Porque a cerimónia assim o merece, a suMisura está também ao dispor para desenhar um fato de casamento apenas para si ou ajudar a recriar um visual que tenha como referência, sempre com tecidos de alta qualidade e alfaiataria especializada que deixa qualquer noivo confiante para assumir o seu dia especial ou qualquer convidado aprumado para combinar na perfeição com a ocasião.

A moda para noivos na primavera ou verão

Sabemos o quão extenso e inquietante pode ser o planeamento de um casamento; há tanto em que pensar e a oferta é vasta. Mas o tempo não volta e, por isso e por agora, o mais importante é encontrar o fato de casamento com que se sentirá confortável, elegante e confiante neste grande dia. Dos cortes e costuras, tratamos nós. Temos o modelo perfeito para que seja menos um pormenor a tratar. Pronto para dizer sim?

Ténis personalizados só seus

Não é segredo na suMisura que valorizamos a roupa e os acessórios com identidade e com cunho próprio. A moda por medida também se faz com o gosto e o toque pessoal de quem o veste através de peças inimitáveis e elementos-chave.

Esta foi uma das razões pelas quais lançámos a plataforma de sapatos e acessórios personalizados , onde é possível experimentar todos os modelos, cortes, cores e texturas possíveis e combináveis para criar peças absolutamente únicas e decididas, passo a passo, por si.

Mas os Mestres de Medida quiseram dar um passo adiante.

Um passo à frente

Estamos orgulhosos por apresentar um novo recurso à nossa plataforma de sapatos personalizados suMisura: as estampas personalizadas em ténis para homem e mulher.

Adicionámos os mais variados estampados, símbolos e imagens à nossa biblioteca para que possa selecionar e adicioná-los na criação dos seus ténis personalizados ou, se preferir, fornecer um desenho ou estampado criado por si.

As possibilidades são tão infinitas quanto a imaginação, entre padrões, texto, logotipos, planos de fundo (…) e total controlo na personalização dos ténis – pode mover, girar, copiar, ajustar a cor, entre outras possibilidades. Basta colocar a criatividade e o seu gosto ao serviço – ou pedir apoio a um dos nossos Mestres de Medida!

Caminhe com identidade

Este era o passo que nos faltava para construirmos um caminho onde a moda celebra a individualidade de bem-vestir por medida. A nossa plataforma fica, assim mais flexível e completa para ter um calçado personalizado nos seus termos e preferências – inimitável e único, como cada um de nós.

Seja para presentear quem gosta de peças únicas e inesquecíveis ou para oferecer a si próprio um presente com a sua assinatura e cunho pessoal, estamos prontos para tornar cada calçado em realidade.

Fibra nobre

Nome pertencente ao exclusivo e muito reduzido clube dos produtores de têxteis de fibras nobres, o Lanifício Luigi Colombo chega a Portugal com a sua linha de alfaiataria.

 

Se é verdade que o feitio, design se preferirem, de um peça de vestuário é fundamental, não é menos verdade que, para o consumidor mais conhecedor, a origem e a matéria-prima empregue na sua construção não é menos importante e pode determinar não só factores como a durabilidade, e a arquitectura de uma peça, da sua construção ao aspecto estético, como questões mais práticas como a eficiência térmica ou a mais óbvia relação preço qualidade.

Uma das vantagens que a alfaiataria ou a confecção por medida apresenta em relação ao pronto a vestir é precisamente a participação que o cliente tem na escolha do material em que a sua peça vai ser construída. À margem de tendências fugazes ditadas pela moda, o cliente pode escolher por entre uma vasto leque de cartazes em que fibras, cores, texturas, gramagens, origens, fabricantes e, claro, preços se apresentam sob a forma de tecido.

O exercício que pode resultar algo intimidador para os neófitos é um prazer para o connoisseur que pode dar largas à sua imaginação num jogo em que poucas são as barreiras para além do gosto de cada um e, claro, dos valores, que podem tornar a brincadeira deveras dispendiosa. Sobra-nos o consolo de quando acertado, poder a loucura ser vista como um investimento em prazer a longo prazo.

Como em tudo na vida também aqui existem diversos níveis e como um dia alguém um dia disse: “o que é caro nem sempre é bom mas o que é bom é inevitavelmente caro.”

O clube das fibras nobres ocupa os píncaros desta actividade.

De origem animal engloba o pelo de animais, cabras, ovelhas e outros bovídeos e camelídeos com origem em regiões inóspitas do planeta como a Mongólia ou a Cordilheira dos Andes na América do Sul, de cujo pêlo, ou lã, se fabricam alguns dos mais protectores, belos e preciosos tecidos que o mundo já viu.

Pela sua raridade, delicadeza e exigência no trato e consequente custo, são muito poucas as casas que se dedicam à transformação desta excelsa matéria-prima e ainda mais raras aquelas que a trabalham com sucesso ao mais alto nível fazendo dela a matéria-prima de luxo que é, por todas as definições.

Nesta verdadeira indústria de nicho altamente prestigiada, onde o made in Italy é rei e senhor e cujo nome mais conhecido é o da Loro Piana, o lugar de líder mundial na produção de fibras nobres é ocupado pelo Laníficio Luigi Colombo.

Assim, quando compra uma caxemira ou qualquer outra fibra nobre como a vicuña, guanaco, pêlo de camelo, ou lã merino, em tecido para alfaiataria, ou já transformadas em vestuário numa qualquer marca de luxo, apesar do nome do fabricante, por norma, não constar na etiqueta, se estiver mesmo perante um tecido de inegável qualidade, existe uma existe uma forte probabilidade de este ter sido produzido pelo Lanifício Luigi Colombo.

A têxtil familiar foi fundada por Luigi Colombo. Nascido em 1927 em Tradate na Lombardia no seio de uma família ligada à indústria ficaria órfão com apenas 10 anos tendo sido criado por um tio, um prestigiado empresário têxtil de Biella na vizinha região do Piemonte. Tido como um homem sensível e muito inteligente com uma ética de trabalho muito rigorosa, aos 20 anos já era responsável pela fábrica do tio.

Depois de se casar, Luigi, decide arriscar a actividade empresarial por conta própria no sector das fibras nobres, actividade consentânea com o seu espírito criativo e aventureiro foi pintor e conhecido velejador.

Na década de 70 os filhos Roberto e Giancarlo juntaram-se ao pai, injectando uma dose juventude e audácia que seria determinante para o futuro da empresa. Para além de estabelecerem relações directas com os fornecedores de lã espalhados pelo mundo, dos Andes à Austrália até à China onde passaram a negociar diretamente com os pastores mongóis.

Uma atitude que lhes permitiu estabelecer um contacto privilegiado com pastores e criadores, e controlar melhor o produto na origem. Simultaneamente uma política forte e contínua de investimento em investigação e inovação, conferiu-lhes uma posição invejável no mercado.

Por altura dos anos oitenta conta já com os principais nomes da moda internacional como seus clientes. Com a indústria do luxo a crescer e a procura de tecidos de altíssima qualidade a aumentar tornam-se líderes do sector das fibras nobres tornando-se especialistas a trabalhar caxemira, guanaco, vicunha, camelo, e fibras de espécies sobejamente conhecidas como a marta, a chinchila ou a zibelina mas cujo uso como têxtil não é muito comum, mais que não seja pelo preço.

Actualmente a empresa, que já vai na terceira geração tem duas fábricas, em Borgosesia e Ghemme, que cobrem uma área de 30.000m2 onde trabalham cerca de 400 pessoas que transforma por ano mais de 500 mil quilos de matéria-prima.

A mão de obra altamente especializada onde a experiência e o trabalho manual alterna com a a mais avançada tecnologia de fiação é um dos grandes trunfos desta casa familiar que quer continuar a crescer de forma sustentada.

Para além de fornecedores das mais afamadas casas de moda do mundo o Lanifício Colombo lançou em meados dos anos oitenta a sua linha própria de pret-a-porter com malhas acessórios e têxteis para a casa presente em pontos de venda multi-marca, armazéns de prestígio e lojas próprias. As suas lojas em Itália, encontram-se em Milão, na famosa Via della Spiga, na Via Borgognona em Roma, Bergamo e Porto Cervo e, fora de Itália, na Coreia do Sul, em Seoul, Daegu e Busan.

A chegada a Portugal, onde passa agora a estar disponível na capital em tecido a metro na Sumisura em frente ao Ritz Four Seasons, faz parte de um plano de expansão que visa levar o nome do Laníficio Colombo a novos mercados. A estratégia, segundo os responsáveis da marca passa também pela abertura de novas
lojas embora Lisboa, pelo menos para já, não esteja a ser equacionada.

Fernando Pereira, especialista na confecção Made to Measure que já disponibilizava os nomes mais sonantes do mercado de tecidos de alfaiataria, as fibras nobres da Laníficio Colombo, vêm elevar ainda mais a oferta da Sumisura cujos clientes podem agora tocar e sentir aquela que é provavelmente a melhor caxemira do mundo.

Harris Tweed, a lã de um povo

O tweed é, provavelmente, o mais famoso têxtil britânico e aquele que simboliza o estilo de vestir dos súbditos de sua Majestade. O mais surpreendente é que, como o Vinho do Porto, também este tecido de lã, na sua expressão mais tradicional, o Harris tweed, é protegido por lei e tem a sua região demarcada

 

Embora, de tempos a tempos, volte em força, o tweed é muito mais do que uma moda. Este tecido de lã, áspero como o clima das ilhas britânicas e resistente como as suas gentes, é sinónimo de estilo informal britânico. Conhecido nos primórdios como Clò Mòr, um pano longo de lã produzido pelos agricultores escoceses, para uso próprio, em teares rudimentares instalados nas suas casas, cumpriu eficazmente, através dos tempos, o propósito de proteger dos elementos as gentes trabalhadoras destas regiões inóspitas.

Já mais próximo dos nossos dias, ganharia o nome de tweed sem que se saiba bem como. Embora sejam duas as versões sob a origem da nova designação, certezas, porém, não existem. Há quem atribua a designação ao rio homónimo que corre na Escócia e em cujo vale o tecido é há muito produzido. Outros defendem que o novo nome surgiu de um equívoco de um comerciante londrino que terá grafado incorrectamente numa encomenda “tweel”, como se escreve em escocês o britânico “twill” (a resistente trama utilizada na tecedura), dando assim origem ao tweed que acabaria por subsistir.

O tecido de aspecto grosseiro, algo felpudo, em tons terrosos, que se mesclavam na paisagem de vegetação rasteira, viria a ganhar fama inesperada em meados do século XIX, depois de ter sido adoptado pela aristocracia britânica como matéria-prima predilecta para a sua indumentária de lazer. A adesão ao tweed tem como grandes responsáveis a Rainha Vitória e o Príncipe Alberto. Quando o casal real comprou o Castelo de Balmoral, para aí passar grande parte do seu tempo livre a caçar e a passear pelo countryside escocês, deu início a um movimento mimético que levou muitos nobres ingleses a comprarem propriedades na Escócia e a começarem a cultivar um estilo de vida ao ar livre em que o tweed, mercê da sua resistência e qualidades termoisolantes, assentava que nem uma luva.

À semelhança do que já acontecia na Escócia com o tartan, que diferenciava os diversos clãs, esta apropriação por parte das elites desencadeou um fenómeno interessante que consistia em desenhar padrões que distinguissem estas novas propriedades e os seus senhores, os chamados Estate Tweeds, dos quais o Balmoral Tweed, criado pelo Príncipe Alberto, era um dos primeiros.

Esta mania muito britânica de tudo catalogar, que se estende, por exemplo, às gravatas, em que, para além do aspecto estético, os seus padrões servem para identificar o regimento, colégio, universidade ou clube de quem as usa, já existia no tweed. O vasto rol de padrões e texturas já estavam ordenados por categorias.

Essas incluíam denominações que denotavam desde o tipo de ovelhas na origem da lã, Cheviot Tweed ou Shetland Tweed; a sua geografia, o Donegal Tweed, por exemplo, com origem no condado de Donegal, na Irlanda do Norte, ou uma determinada actividade, como é o caso do Gamekeeper Tweed. A estes padrões cativos, que inicialmente estavam reservados a quem de direito, mas que hoje são usados livremente, juntava-se ainda uma larga variedade de motivos e texturas, conferidas pela tecelagem, como o Plain Twill, Overcheck Twill, Plain Herringbone, Houndstooth, entre muitos outros. Esta enorme multiplicidade de padrões e texturas são, conjuntamente com a durabilidade, resistência das fibras e da tecedura, em grande parte responsáveis pela popularidade deste tecido.

Depois desta viragem aristocrática, que lhe conferiu um carácter aspiracional, numa altura em que a revolução industrial já avançava a todo o vapor, o tweed tornou-se no Reino Unido o tecido de eleição das classes médias e do emergente sportsman que fez dele inseparável companheiro de aventura.

No dealbar do século XX, abriram-se-lhe novos horizontes. Pelas mãos de Eduardo VII, chegava a Savile Row, onde ganhava expressão sartorialista e definitivamente tornava-se indispensável no guarda-roupa do homem elegante. O pano rústico ganhava matizes urbanas e novas conotações, a intelectualidade rendiase-lhe e Gabrielle Chanel abria-lhe as porta da alta-costura.

O tweed comporta uma curiosa ambivalência que o leva a ser apreciado, ao mesmo tempo, pela aristocracia e pela contracultura.

Os hipsters e o seu interesse pela indumentária vintage, o renascimento da alfaiataria e o movimento revivalista em torno deste tecido, com o seu ideário anti-massificação, em prol da autenticidade e sustentabilidade, de que a londrina Tweed Run é o expoente máximo, são manifestações desta face alternativa que, de tempos a tempos, catapulta-o para a ribalta.

Hoje, não há fabricante de tecido que não o apresente nos seus catálogos, dentro e fora do Reino Unido. Não poucas vezes, a lã virgem mistura-se com o algodão, caxemira e mesmo fibras sintéticas, em produções mais ou menos industriais. Porém, na Escócia há uma zona em que o tweed continua a cumprir o mesmo ciclo de há séculos.

Harris tweed, O Espírito Original

Desde há muito que as Hébridas Exteriores, um arquipélago formado por algumas ilhas, sendo as mais importantes Lewis, Harris, Uist e Barra, na costa ocidental da Escócia, gozam da fama de aí se produzir tweed da mais alta qualidade.

Este pano, conhecido como Harris Tweed, era tingido, cardado, fiado e tecido pelos agricultores locais com a lã das suas ovelhas e era usado fundamentalmente para consumo próprio. Embora de excelente qualidade, não tinha grande expressão enquanto negócio e, por isso, de pouco serviu quando, entre 1846 e 1856, a grande fome, provocada pela escassez de batata, também se fez sentir na Escócia.

Nesse momento particularmente dramático, revelou-se de maior importância a intervenção de Lady Dunmore, mulher de Alexander Murray, 6º Conde de Dunmore, senhor da Ilha de Harris, que teve um papel fundamental como dinamizadora da indústria têxtil. Com vista a ajudar a resolver os graves problemas de subsistência que os ilhéus enfrentavam, procedeu à encomenda de uma quantidade substancial de tartan da família, tecido à maneira do clò-mòr, e várias peças de fatos para os seus empregados.

Apercebendo-se de imediato do potencial que esta actividade, então marginal, encerrava para as depauperadas populações, impulsionou o seu crescimento. Frequentadora de meios sofisticados, percebeu que o sucesso da sua tarefa teria de passar pela produção de panos mais leves e de acordo com as necessidades do mercado da moda, o que não teve dificuldade em implementar. De seguida, e sempre por sua iniciativa, tratou de promover junto dos seus pares a lã produzida pelos seus rendeiros.

O esforço da ainda hoje venerada Lady Dunmore teve importantes e benéficas repercussões. Nobres e gente rica das ilhas vizinhas seguiram-lhe o exemplo. A procura subiu drasticamente e com ela o número de cardadores, fiadores, tingidores e teares a laborar em todas as ilhas. O êxito das Hébridas Exteriores fez surgir o receio de que outros se aproveitassem e que o produto fosse contrafeito ou adulterado noutras paragens.

Com o objectivo de obviar esta possibilidade, no início do século XX, com a indústria a laborar a um ritmo inédito, foi criada a companhia The Harris Tweed Association Limited, cujo papel era zelar pelas características e qualidade do tweed produzido nas Hébridas.

Este passou a ser, assim, o primeiro a ostentar uma marca, a icónica “orb mark”, a esfera encimada pela cruz de Malta e as palavras Harris Tweed por baixo, com que todas as peças de pano passaram a ser estampadas a partir de 1911 e que é a mais antiga do seu género no Reino Unido.

O Harris Tweed continuou a prosperar e, pouco tempo depois, a fiação manual revelava-se insuficiente para os níveis de produção atingidos. Isso obrigou a que, em 1934, os estatutos fossem ligeiramente alterados de forma a permitir que a lã até aí fiada com a ajuda de uma roda passasse a ser feita por métodos de maior eficiência sem no entanto perverter o espírito artesanal da produção.

A produção não parou de crescer até meados dos anos 60.

Na década de 90, como parte de um processo de modernização e defesa deste importante património que entretanto viu a sua importância económica diminuir substancialmente, foi fundada, no âmbito de um Acto do Parlamento, a Harris Tweed Authority que substituiu a anterior associação.

O novo organismo ficou, através dos seus estatutos, com a responsabilidade de promover e manter a autenticidade, níveis de qualidade e reputação do Harris Tweed. A Autoridade supervisiona a produção em todo o seu ciclo e só quando esta cumpre os princípios definidos nos estatutos a certifica com a estampagem da célebre esfera.

Nesta lei ficou definido que, para que o tweed produzido nas Hébridas Exteriores fosse homologado como Harris Tweed, a pura lã virgem tem de ser fiada, tingida, tecida e acabada manualmente por habitantes das Hébridas Exteriores nas suas casas.

Apesar de algumas ameaças ao longo da sua história e até mesmo o perigo que a contrafacção representa na actualidade, o Harris Tweed continua a ser produzido por cerca de 250 artesãos utilizando os mesmos métodos que os seus antepassados, mas com a qualidade acrescida que o conhecimento actual permite.

Este produto de grande qualidade e versatilidade, que é hoje exportado para mais de 50 países, viu a sua produção mais que duplicada nos anos mais recentes, mercê do interesse suscitado junto de um mercado que procura produtos autênticos que tragam consigo o valor intangível que a história e as gentes envolvidas na sua produção representam. Exemplo a seguir de sustentabilidade económica, o Harris Tweed já demonstrou que a sua resistência vai muito para além dos fios de lã com que é tecido.