Gabardina e Sobretudo – Os dois guarda-costas

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O desafio de nos protegermos dos elementos é antigo como próprio homem. No caso da chuva, aquilo que conhecemos como “gabardina” tem história que remonta aos Vikings que isolavam as roupas com óleo animal, aos índios norte-americanos que utilizavam gordura animal ou aos Incas que utilizavam resina da árvore da borracha.

A revolução industrial vai acrescentar aditivos químicos e o salto em qualidade é dado a partir do aproveitamento das sobras da produção de aço quando um químico de Glasgow, Charles Macintosh, utilizou nafta, um subproduto do alcatrão, como solvente de borracha para conseguir uma cola eficiente para juntar e colar dois tecidos de lã através da passagem por um rolo. Processo que patenteou em 1823. Não foi um sucesso pois o calor impedia um bom uso dos materiais bem como dificultava a sua costura. Será após 20 anos que com a patente da vulcanização que a solução otimizada foi atingida.

Os meados do séc. XIX dão um avanço nas técnicas de impermeabilização com soluções vindas a partir de necessidades de navegação marítima, tanto na impermeabilização de velas como no vestuário das tripulações. Por volta de 1879 Thomas Burberry patenteia a gabardine, um tecido de sarja de algodão impermeabilizado que, urdido em diagonal, protegia do frio e fazia as gotas da chuva deslizar.

Um passo crucial na respirabilidade do tecido impermeável é dado em 1930, quando a John Barbour & Sons começa a utilizar cera de parafina e consegue um tecido de alta performance, impermeável, respirável e protetor ao mais alto nível. Nos finais do séc. XX a revolução tecnológica do Gore Tex, tecido cuja malha é menor que uma molécula de água, mas maior que uma de vapor de água, dá o salto para o séc. XXI onde a oferta é de casacos anti-vento e anti-chuva, extremamente leves e com o cair elegante que nos cativa o gosto. Depois é escolher o modelo mais atrativo, que vai da mais comprida gabardina Chesterfield, à mais curta gabardina Peacoat, como nossos aliados contra os agentes de inverno.

Mas, se os dias não são chuvosos e apenas frios, o homem executivo não prescinde do salva-vidas de inverno: O Sobretudo.

Nascido nos finais do séc. XVIII o sobretudo era uma peça-chave do guarda roupa de um cavalheiro. Frequentemente ligado ao modo mais formal de código de vestir representava status profissional ou militar, num estilo que com muito poucas adições ou alterações se adaptou às várias tendências no tempo.

Durante a Regência, o sobretudo apresentava-se cingido ao corpo, frequentemente assertoado/cruzado com costuras na cintura e de bainha generosa. Cresceu em popularidade e chegou à classe trabalhadora, tornando-se mais amplo para responder a um novo consumidor e a acomodar diversos estilos de vida.

Muito usado pelo exército e marinha até aos anos 50 do séc. XX, acabou por ser abandonado por estes por questões de mobilidade em combate, mas não deixou os guarda-roupas sociais, antes pelo contrário: conquistou estatuto de must have.

A subcultura Teddy-Boy britânica adotou o sobretudo de forma icónica, e outras subculturas como os Skinheads ou os Swedenheads não abandonaram o simbolismo do sobretudo. Hoje, este clássico resistente no tempo é a peça expressiva dos dias de inverno, pois que é o que tudo cobre e, no entanto, nos revela naquilo que queremos que os outros nos conheçam.

Um amante de fatos ou blazers de qualidade deve ter mais do que um sobretudo no seu guarda-roupa por essa mesma razão. Investir num bom sobretudo é assegurar que, onde quer que se esteja, ficará lavrada a nossa assinatura de estilo e elegância.

O sobretudo feito por medida, para além de ser um fator importante no equilíbrio e na harmonia da silhueta, é também um modo de adaptabilidade ao tempo e espaço. Os modelos originais aceitam variadíssimas opções de estilo e podem ser feitos num imenso sortido de padrões e cores, consoante o poder de aquisição ou tão só a sua utilização.

A oferta pode ir desde o sobretudo de lã, à caxemira ou vicuña, ou optar pelo trendy-mix de lã e elastano, que o mercado chama de travel, dadas as suas propriedades antirrugas e altamente resilientes ao movimento. Abra o seu guarda-roupa e, se não encontrar nenhum sobretudo, é altura de vir ao seu alfaiate e tocar na quinta-essência do estilo que é “mandar fazer” o seu sobretudo.

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