Alfaiataria ou Vestir por Medida
Diferenças e semelhanças
Para que seja possível entender as diferenças e semelhanças entre a Alfaiataria e o Vestir por Medida há que entender primeiro o significado de cada uma delas.
Do árabe al-hayatt ou “aquele que costura” a palavra alfaiate leva diretamente para a alfaiataria ou a arte de coser panos para cobrir o corpo. A busca da perfeição é a missão do ofício o que levou a outras especializações contributivas para esse desejo. O cortador que se pode especializar em diversos modelos, a costureira que tem ser hábil e sensível nas tensões da linha conforme o tecido que cose, os oficiais que assistem o alfaiate na toma de medidas ou as costureiras nas aberturas de costuras e acabamento de cada operação e o próprio alfaiate ou modista, o mestre ou a mestra, que mede e avalia o cliente, risca o seu desejo com arte pintor e esculpe um busto a ferro quente moldando entre-telas de crina até que a alma do criador influa no tecido e este cubra de elegância e rigor o corpo do cliente.
A crescente necessidade de servir um número maior de população e por forma a tornar o produto de acessível a industrialização e mecanização de algumas operações trouxe maior celeridade e menores custos de produção e, fruto de exaustos estudos anatómicos e desenvolvimento tecnológico, atingiu-se um determinado registo de parâmetros que permitiu o advento e sucesso da industria de confeções padronizada mais conhecida como pronto-a-vestir.
Se a arte de Alfaiataria mantém os processos seculares para que a tradição e os saberes não se percam, o conhecimento e a tecnologia aplicados na indústria fizeram-na evoluir para novos patamares de perfeição e à criação de novas profissões, como a de costureiro ou designer de moda, bem como elevar outras indústrias como as de forros, botões e outro tipo de aviamentos. Será pois o alfaiate tradicional um artífice capaz de todo o tipo de corte que ofereceu conhecimento à industria e que esta pegou, evoluindo, até que se chegou ao conceito de “vestir por medida” que também criou um novo profissional, o made to measure stylist ou estilista de medida, e dele, irá depender toda a informação a ser processada pela alfaiataria.
Na alfaiataria tradicional o alfaiate corta cada molde de raiz a partir das medidas e do pedido do cliente e deve, em princípio, conferir o seu estilo pessoal à obra, como se fosse a sua assinatura. Por exemplo, existem alfaiates que só trabalham com banda de bico em assertoados ou paletós pois é esse o seu cunho. Um bom alfaiate faz questão de apresentar acabamentos manuais e, acima de tudo, faz das várias provas o aperfeiçoamento da sua obra para satisfação do cliente.
O tempo e a relação com o cliente são fundamentais e terá que ser influente no preço final e que o conhecedor compreende e aplaude. O cliente mais sofisticado, apreciador e com igual poder de compra buscará também o seu sapateiro, o seu camiseiro ou o seu gravateiro e assim obter o seu guarda roupa bespoke.
Por seu lado, a alfaiataria por medida, graças ao saber aliado às novas tecnologias , evoluiu para patamares de qualidade elevadíssimos quando as parcerias se dão entre os melhores, e, consegue competir em performance e nível de preço bem como ultrapassar em serviço prestado a arte tradicional. O estilista que interage com o cliente é o intérprete do desejo do cliente e o proponente das melhores soluções.
É também o escultor dos melhoramentos. Após tomada de medidas do cliente, a primeira prova é feita no acto sob um molde base que melhor sirva ao conforto do cliente. Sob esse molde base, cabe ao estilista a leitura das dezenas de parâmetros alteráveis para que a vestibilidade seja perfeita. A variedade de modelos e adaptações, as vastas opções de acabamentos, manuais ou não, e de decorações, abrem o leque da imaginação que a criatividade de ambos realizará na peça de sonho.
Estilistas de medida e marcas especializadas no serviço, como a suMisura Mestres de Medida Lisboa, definiram parcerias com outras áreas da confeção tornando possível ao cliente não só mandar fazer o seu fato executive ou cerimónia, o blazer casual ou a calça chino’s, mas também toda a obra de camisaria, gravataria, malharia e sapataria por medida.
Assim sendo, podemos concluir que o cliente que por variadas razões não encontra no pronto a vestir as soluções que procura, seja ao nível das medidas necessárias e sobretudo na livre escolha de modelos, padrões e cores, encontrará nos artesãos clássicos a fonte certa para uma obra exclusiva e genuína, tendo neste momento ao seu dispor a opção de vestir ou calçar por medida um mundo de soluções desde o fato de uso ou blazer de uso diário ao sapato goodyear ou casual, da gravata de confecção industrial à sofisticação da gravata de 5 e 7 pregas uma oferta semelhante ou por vezes até mais compreensiva a um preço algo mais competitivo.
O mundo da elegância de bem vestir por medida não é, de todo, a compra compulsiva e requer um pouco de tempo e dedicação ao importante acto de escolha e aquisição, sendo portanto de recomendar que o cliente atente não só nas suas necessidades mas no tempo que requer a construção e confecção das suas peças, o que em média pode levar entre as 3 e as 4 semanas, dependendo da obra. Dar tempo ao alfaiate é cuidar de si próprio como se fora uma ida ao spa, ao ginásio, à conferência imperdível, de férias ou a uma reunião com amigos. O atendimento por marcação reserva esse tempo exclusivo e atenção concentrada que merece o estilo de cada homem ou mulher e o atendimento por um profissional apaixonado especialista de medida ou de um bom alfaiate é sobejamente mais compensador do que o atendimento por um solicito balconista.
Conclui-se que, se a opção é vestir bem com critério e estilo, o cliente encontra soluções satisfatórias tanto na alfaiataria como na oferta do serviço de medida pois ambas oferecem inter-relacionamento com o cliente e proporcionam aquela sensação sublime de ter uma peça exclusiva e 100% dedicada e de alta qualidade. Se o tempo ainda é dinheiro e o bom gosto presistir talvez aí resida a maior diferença entre ambas as artes de alfaiataria, a tradicional e a tecnológica, a diferença estará sempre nas pessoas e no profissional que se elege e se pode pagar.